
A recente aprovação da reforma tributária no Brasil transcende a esfera fiscal, emergindo como um marco que reconfigura o próprio alicerce do ambiente de negócios nacional. Longe de representar um mero ajuste de alíquotas, este momento sinaliza uma profunda metamorfose, exigindo das empresas uma visão abrangente e estrategicamente orientada. Como sabiamente observou Bernard Appy, um dos arquitetos da reforma, “a reforma tributária busca simplificar o sistema, reduzir a carga tributária sobre o consumo e aumentar a transparência”. Diante dessa transformação, surge a questão primordial: estamos, de fato, preparados para a nova realidade que se aproxima?
A reformulação proposta ultrapassa a mera atualização de planilhas e a execução de simulações de cálculos de impostos, moldados por metodologias já não mais utilizada. Ela evoca uma reforma de negócios em sua essência, um chamado para uma mudança paradigmática na mentalidade que permeia o mundo empresarial. O setor fiscal e tributário assume o papel de liderança nesse movimento, mas a jornada de transformação só se concretizará se todos os stakeholders compreenderem que este não é um mero ajuste legislativo, mas sim a gestação de uma nova visão sobre a sustentabilidade empresarial no cenário futuro.
A introdução de novos tributos, a recalibração de alíquotas e a reconfiguração dos cálculos tributários demandam uma integração interdepartamental sem precedentes. Mapear processos, identificar riscos e oportunidades, e avaliar a necessidade de adaptações são os primeiros passos para uma transição consciente.
A colaboração interdepartamental se revela como a espinha dorsal do sucesso. A adaptação dos sistemas e a implementação de novas tecnologias pelo setor de TI, a reformulação das estratégias de precificação e comunicação com os clientes pelas áreas de vendas e marketing, e a revisão da cadeia de suprimentos e a adequação aos novos requisitos fiscais pelas equipes de compras e logística são vitais. Nesse contexto, abraçar essa reforma como uma oportunidade para aprimorar a eficiência, a competitividade e a transparência se configura como o alicerce para a construção do futuro.
A transição gradual, com a implementação faseada da CBS e do IBS, concede um tempo valioso para adaptação. Contudo, a coexistência dos sistemas atual e novo exigirá vigilância redobrada nos próximos anos. O acompanhamento diligente do cronograma de mudanças e a simulação dos impactos são cruciais para a previsibilidade financeira. A ausência de definição das alíquotas do IS – Imposto Seletivo exige um monitoramento constante das leis ordinárias que as estabelecerão.
Entender os impactos em cada setor, simular a nova carga tributária, avaliar os benefícios fiscais e atualizar os processos internos são ações indispensáveis. “Precisamos de um sistema tributário mais justo e eficiente, que incentive a produção e o investimento” são palavras de Luiz Carlos Hauly, que reverberam o espírito desta reforma. Que as empresas não apenas se adaptem, mas abracem esta transformação, forjando um futuro mais próspero para o Brasil.
FONTE: https://www.migalhas.com.br/depeso/427414/reforma-tributaria–adaptacoes-no-negocio